terça-feira, agosto 31, 2010

Será sorte, afinal?

Ontem aperecebi-me que o meu problema de pele está a alastrar rapidamente. Muito mais rápido do que pensei ser possivel. Passei um dia muito mau, por outras palavras: só me apetecia chorar. A meio da tarde decidi ligar ao meu dermatologista, que obviamente me tentou acalmar. O Dr. Massa não é meigo, bem pelo contrário, é frontal. Talvez até demais. Mas é o melhor. Pediu-me para desdramatizar. Tem mesmo que ser, eu sei. Mas não sei se consigo. Já me tomou conta da cara, já é visivel. Não sei se consigo.

18:15h: estou na casa em que cresci, na rua de sempre. Digo à minha Mãe que vou para minha casa, só me apetece dormir e não pensar em mais nada. Até amanhã, mano. Desço as escadas, cumprimento um vizinho: a rotina de sempre. Atraveso a rua: café do Sr. Dias, tudo igual. Ainda em frente ao café lembro-me que não tenho dinheiro nenhum, e mais um vizinho: olá boa tarde. Estou em frente á nova pensão, A Favorita. Tenho que ir ao multibanco.

Um estrondo enorme e uma nuvem de pó como nunca vi. O que é isto? Caíu alguma coisa?

Toca o telefone, já ouço gente aos gritos mas ainda não consigo ver nada. Está muito pó e mal consigo respirar. É a minha mãe, quer saber se já estou em casa, sinto-a muito aflita. Ainda não consigo perceber o que aconteceu. Ouço um senhor, aquele vizinho que acabo de cumprimentar, a perguntar para debaixo de alguma coisa, que ainda não consigo ver bem o que é: está aí alguém??

Volto a prestar atenção à minha mãe: os prédios ao lado de Centro de Saúde caíram, C, caíram para rua e para dentro do café do Dias!!! Tu estás bem???

Eu estou, acabei de atravesar a rua á um minuto, ou dois, sei lá.

Já ouço as sirenes. Não consigo pensar. Nem me consigo mexer. Sinto o meu corpo congelado. Só consigo ver muita gente a correr de um lado para o outro, e a minha mãe e o meu irmão, do outro lado dos escombros, na varanda da casa onde cresci, mesmo ao lado do Centro de Saúde.

Eu estou bem. Estamos todos bem. Mas percebi que o dia, que eu achava estar a ser de merda, por um minuto, ou apenas por um atravesar de rua mais lento, podia ter sido bem pior.

'dasse!


with love,
Littlemisstaken.

2 comentários:

izzie disse...

Graças a DEus!
Eu fiquei a tarde toda de coração nas mãos.

{Quanto ao teu problema, se precisares de um ombro, estou à disposição... passei por semelhante.
Não estás sozinha.]

Beijinho,

Littlemisstaken disse...

Obrigada, izzie. :)

Hoje sinto-me bem melhor, ou pelo menos já não estou para aqui a amaldiçoar tudo e todos, o que já é alguma coisa, ehehe. Uma dia de cada vez, acho que é por aí.

Beijinho.